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Brasil segue sem medicamento para doenças fúngicas


Fonte: Diário da Saúde
Data de publicação: 11 de setembro de 2014

"Quando se fala em micose, todo mundo pensa em infecção de unha, pé de atleta, frieira. Mas há infecções por fungos que são muito graves," explica a pesquisadora Franqueline Reichert Lima, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.
 
Segundo ela, as doenças fúngicas acometem principalmente pessoas com o sistema imunológico fragilizado por outras doenças.
 
Exemplos destes fungos são os Cryptococcus, agentes causadores da criptococose. A pesquisadora isolou os fungos provenientes tanto de pacientes tratados no Hospital de Clínicas da Unicamp, quanto encontrados em fezes de pombo na cidade de Campinas (SP).
 
A seguir, ela testou combinações de medicamentos antifúngicos para combatê-los.
 
Doenças causadas por fungos
 
As estruturas do Cryptococcus, presentes no ar, entram no corpo humano principalmente por inalação. Uma vez nos pulmões, podem vir a causar complicações, como pneumonia grave. Mas a principal complicação causada por esta espécie de fungo afeta o sistema nervoso central.
 
"A infecção é por via inalatória. Tem como foco primário os pulmões, onde pode até passar despercebida. Porém, por disseminação pelo sangue, pode atingir diversos órgãos, especialmente o sistema nervoso central", disse Franqueline.
 
A pesquisadora explica que os fungos "C. neoformans e C. gattii têm uma predileção a invadir o sistema nervoso central e podem causar meningite aguda, subaguda ou crônica, assim como meningoencefalite grave. Os sinais e sintomas estão geralmente presentes por diversas semanas e incluem cefaleia, febre, neuropatia craniana, alteração da consciência, letargia, perda de memória, sinais de irritação meníngea e coma".
 
Os fungos do gênero Cryptococcus estão em toda parte, mas os pombos foram a principal fonte destes fungos analisada por Franqueline.
 
"O pombo é muito estudado como sendo a principal fonte ambiental desse fungo", disse a pesquisadora. O pombo não é a única ave a abrigar o Cryptococcus em seu aparelho digestivo, mas sua presença marcante nos espaços urbanos acaba fazendo com que seja uma fonte de destaque. "Então, locais infestados de pombos, como praças públicas, seriam fontes ou reservatórios deste micro-organismos. Por isso é recomendado não alimentar esses animais," explica Franqueline.
 
A mortalidade é alta. Estima-se que ocorram anualmente um milhão de casos de infecção por Cryptococcus, resultando em 600 mil mortes no mundo. No Brasil, não existem dados precisos, já que a infecção por Cryptococcus não é uma doença de notificação compulsória.
 
"É um problema muito grave", disse Franqueline. "Muitas pessoas morrem, e das que sobrevivem, muitas apresentam sequelas. Perda de visão, audição, sequelas sérias".
 
Medicamentos antifúngicos
 
O objetivo do tratamento das infecções por Cryptococcus é erradicar o microrganismo, para evitar as sequelas neurológicas e mortes. O tratamento envolve três fases, sendo a primeira de redução da carga de fungos no organismo do paciente, chamada fase de indução.
 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade de Doenças Infecciosas dos Estados Unidos recomendam que essa primeira linha de ataque seja feita com a combinação de dois antifúngicos, a anfotericina B (AMB) e 5-flucitosina (5FC). Contudo, no Brasil e em vários outros países em desenvolvimento, da Ásia e da África, o 5FC não se encontra disponível.
 
"Não está claro o motivo exato de o 5FC não estar disponível no Brasil", disse Franqueline. "Desconfiamos que sejam questões financeiras: ele é muito barato, provavelmente não dá o lucro que as empresas farmacêuticas gostariam. Mas, então, por que o Brasil não importa? Também nos fazemos essas perguntas".
 
O produto foi retirado da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) em 2006, sob as justificativas de que causa efeitos colaterais e de que seu uso isolado, sem a AMB, leva a um rápido desenvolvimento de resistência pelo fungo. Além disso, o Ministério da Saúde afirma que a 5FC pode ser substituída por outro antifúngico na combinação com a AMB.
 
"Mas podemos ver na literatura científica, em ensaios clínicos, que não é assim", disse a pesquisadora, referindo-se à alegação de que a 5FC é facilmente substituível. "A utilização da 5FC com a AMB ainda é a melhor opção terapêutica, com a menor taxa de mortalidade. Mas no Brasil não dispomos desse antifúngico, e por isso estudamos outros, com objetivo de buscar novas opções terapêuticas".
 
Alternativas
 
Para sua dissertação, Franqueline testou diferentes combinações de antifúngicos contra Cryptococcus. "Testamos a terbinafina, que é um antifúngico utilizado para micoses de unha, micoses de pele", disse ela. "Foi muito efetivo in vitro, porém in vivo ainda algumas questões precisariam ser investigadas".
 
A dificuldade, explicou, é que a terbinafina parece não ser capaz de cruzar a chamada "barreira hematoencefálica", que filtra o sangue que chega ao cérebro. "Teríamos que buscar alguma forma de fazer esse antifúngico, que é muito potente in vitro, penetrar na barreira hematoencefálica, para que ele possa ser utilizado contra meningite", disse a pesquisadora. "Temos algumas ideias, mas nada para aplicação prática até o momento".
 
 
Fonte: Diário da Saúde

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